A perícia realizada pelo ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli), da Polícia Civil, reafirmou o que especialistas vinham dizendo: a causa do desabamento de um trecho da ciclovia da avenida Niemeyer, que aconteceu em 21 de abril no Rio e deixou duas pessoas mortas, foi uma falha de projeto.
A perícia constatou que o projeto executivo, elaborado pelo consórcio Contemat/Concrejato, responsável pela obra, não levou em conta o impacto da ressaca do mar na pista da ciclovia.
O projeto previu que a água poderia atingir os pilares que sustentam a pista, mas não a viga, nem a plataforma em si. O pilar foi construído para suportar marés de até quatro metros e ondas de até 65 quilômetros por hora.
Além disso, a perícia levantou outros problemas ligados à maneira como a ciclovia foi construída. Os pilares não estavam fixados à viga e esta, por sua vez, tampouco estava fixada à pista. A sustentação se dava pelo peso das peças uma sobre a outra.
Com isso, a onda atingiu a pista por baixo e a virou de cabeça para baixo, fazendo-a tombar sobre as pedras e se partir.
O trecho que desabou foi construído de maneira diferente do restante da via. A distância entre os pilares de sustentação era maior ali. Segundo o engenheiro especialista em pontes e membro do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) Antônio Eulálio Pedrosa Araújo, eles estavam a 18 a 20 metros de distância. Já no restante, a separação era de 12 metros.
Além disso, o trecho tinha apenas uma viga, enquanto o restante tinha duas. Isso porque a empresa de pré-fabricados de concreto que forneceu os pilares e lajes usados na construção da ciclovia, a Engemolde, não tinha condição de produzir uma viga dessa extensão, então contratou outra empresa, a Premag, que optou por usar apenas uma.
A perícia do ICCE será concluída até o início da próxima semana e será encaminhada à 15ª Delegacia de Polícia, que investiga o caso. Ainda não há previsão de conclusão da investigação.
Procurados pela Folha a Prefeitura, o consórcio Contemat/ Concrejato, a Engemolde e a Premag afirmaram que só vão se manifestar após a conclusão das investigações sobre o acidente.
REABERTURA
Quatro dias após o acidente, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), disse querer reconstruir a ciclovia a tempo da Olimpíada, que começa em 5 de agosto.
No entanto, a posição oficial da prefeitura no momento é que ela vai esperar a conclusão das investigações. (não foi copiado o esquema que mostrava o que aconteceu na ciclovia e que entrava no final da matería original)