Desastre da SAMARCO em Mariana: responsável pela obra alega ter avisado empresa sobre problemas
Pare coisa da série "nada é tão ruim que não possa piorar". O jogo do empurra toma ares mais abertos.
vejam só a notícia: engenheiro responsável pela barragem da Samarco diz que tinha alertado a empresa sobre problemas e que não tinha mais responsabilidades na obra. A reportagem está bem informativa
Rompimento de barragem em Mariana (MG) é considerado o pior desastre do gênero nos últimos 100 anos
REDAÇÃO ÉPOCA 18/01/2016 - 10h44 - Atualizado 18/01/2016 10h44
A Samarco, mineradora responsável pela barragem do Fundão, controlada pela Vale e pela BHP Clinton, não entregou o projeto executivo ao apresentar documentos para conseguir a licença prévia para atuar em Mariana (MG) em 2007. A constatação é do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que investiga o desastre no distrito de Bento Rodrigues, e foi divulgada pelo Fantástico, da Globo, na noite de domingo (18).
O rompimento da barragem de Fundão, em 5 de novembro de 2015, desvastou a região e deixou 17 mortos e dois desaparecidos. "O Ministério Público desde o início analisou o licenciamento com a maior profundidade possível e podemos apontar com grande exatidão que ele foi decisivo para que ocorresse essa tragédia", afirmou o promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto ao programa.
Documentos indicam que a Samarco entregou apenas "dados considerados básicos" do projeto, mas o pedido de licenciamento foi considerado suficiente pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) na época. Para o Ministério Público, isso foi uma "falha do órgão ambiental" e permitiu que o processo seguisse para a segunda fase, "sem estudos essenciais que atestassem a segurança da estrutura".
Segundo o G1, o MP também aponta outro fator de risco: uma pilha de material descartado de uma mina vizinha, pertencente à Vale. Um documento do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) mostra que a mineradora jogou 28% do total de rejeitos líquidos na barragem de Fundão, e não 5% como havia declarado.
A Polícia Federal (PF), que também investiga o caso, ouviu o engenheiro projetista da estrutura de Fundão, Joaquim Pimenta de Ávila, que, um ano antes da tragédia em Mariana, disse ter alertado a Samarco sobre um princípio de ruptura no reservatório devido a uma trinca. A informação é da Folha de S.Paulo.
Ávila, que foi afastado da mineradora em 2012 e passou a prestar consultoria à empresa, recomendou reforço na estrutura e outras providências. Ao solicitar o retorno da Samarco sobre os cálculos que foram feitos, a nova responsável pelo Fundão, engenheira Daviély Rodrigues Silva, afirmou que o "disco rídigo do seu computador havia queimado e que os dados tinham se perdido". Daviély e mais seis pessoas foram indiciadas pela PF.
A Samarco alega que todas as ocorrências surgidas no processo de manutenção de barragens em 2014 foram tratadas e que o engenheiro "jamais advertiu com o tom de gravidade sugerido pela reportagem [da Folha] sobre o risco do rompimento da barragem". Ainda de acordo com a Folha, Joaquim Pimenta de Ávila, que não é indiciado pela PF, alega que sua responsabilidade na obra terminou em 2012, quando a empresa VogBR assumiu a estrutura. A Samarco, no entanto, atribui a ele o projeto da barragem que previa elevação da parede da estrutura que estava sendo executada. A VogBR diz que não é responsável pelo recuo na estrutura, onde havia uma trinca.
O rompimento da barragem de rejeitos da Samarco em novembro de 2015 é o maior desastre do gênero nos últimos 100 anos. De acordo com estudo da Bowker Associates em parceria com o geofisico David Chambers, se for considerado o volume de rejeitos despejados, de 50 a 60 milhões de metros cúbicos, o acidente em Mariana equivale à soma dos outros dois maiores acontecimentos do tipo já registrados no mundo, ambos nas Fililipinas.
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O rompimento da barragem de Fundão, em 5 de novembro de 2015, desvastou a região e deixou 17 mortos e dois desaparecidos. "O Ministério Público desde o início analisou o licenciamento com a maior profundidade possível e podemos apontar com grande exatidão que ele foi decisivo para que ocorresse essa tragédia", afirmou o promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto ao programa.
Documentos indicam que a Samarco entregou apenas "dados considerados básicos" do projeto, mas o pedido de licenciamento foi considerado suficiente pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) na época. Para o Ministério Público, isso foi uma "falha do órgão ambiental" e permitiu que o processo seguisse para a segunda fase, "sem estudos essenciais que atestassem a segurança da estrutura".
Segundo o G1, o MP também aponta outro fator de risco: uma pilha de material descartado de uma mina vizinha, pertencente à Vale. Um documento do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) mostra que a mineradora jogou 28% do total de rejeitos líquidos na barragem de Fundão, e não 5% como havia declarado.
A Polícia Federal (PF), que também investiga o caso, ouviu o engenheiro projetista da estrutura de Fundão, Joaquim Pimenta de Ávila, que, um ano antes da tragédia em Mariana, disse ter alertado a Samarco sobre um princípio de ruptura no reservatório devido a uma trinca. A informação é da Folha de S.Paulo.
Ávila, que foi afastado da mineradora em 2012 e passou a prestar consultoria à empresa, recomendou reforço na estrutura e outras providências. Ao solicitar o retorno da Samarco sobre os cálculos que foram feitos, a nova responsável pelo Fundão, engenheira Daviély Rodrigues Silva, afirmou que o "disco rídigo do seu computador havia queimado e que os dados tinham se perdido". Daviély e mais seis pessoas foram indiciadas pela PF.
A Samarco alega que todas as ocorrências surgidas no processo de manutenção de barragens em 2014 foram tratadas e que o engenheiro "jamais advertiu com o tom de gravidade sugerido pela reportagem [da Folha] sobre o risco do rompimento da barragem". Ainda de acordo com a Folha, Joaquim Pimenta de Ávila, que não é indiciado pela PF, alega que sua responsabilidade na obra terminou em 2012, quando a empresa VogBR assumiu a estrutura. A Samarco, no entanto, atribui a ele o projeto da barragem que previa elevação da parede da estrutura que estava sendo executada. A VogBR diz que não é responsável pelo recuo na estrutura, onde havia uma trinca.
O rompimento da barragem de rejeitos da Samarco em novembro de 2015 é o maior desastre do gênero nos últimos 100 anos. De acordo com estudo da Bowker Associates em parceria com o geofisico David Chambers, se for considerado o volume de rejeitos despejados, de 50 a 60 milhões de metros cúbicos, o acidente em Mariana equivale à soma dos outros dois maiores acontecimentos do tipo já registrados no mundo, ambos nas Fililipinas.