Boletim Semear Vigipop - Diálogos do projeto Vigilância Popular em Saúde de base territorial
divulgando
#7 - dezembro de 2025
Esta sétima edição do Semear VigiPop, boletim do projeto Vigilância Popular em Saúde de Base Territorial, coordenado pelo Cesteh/Fiocruz e PSAT/Fiocruz-Brasília, marca um momento especial: depois de mais de um ano de debates e escrita coletiva, chegamos à etapa final do e-book Vigilância Popular em Saúde de Base Territorial – Experiências, Redes e Formação para Ação, que será lançado em 2026 e amarra o caminho trilhado pelo projeto até aqui.
Ao longo de 2025, o VigiPop seguiu fortalecendo redes territoriais, sistematizando experiências e aprofundando reflexões sobre a vigilância popular em saúde de base territorial como prática emancipatória. Foi também o ano em que esse acúmulo ganhou forma de livro, num processo de escrita e edição que envolveu pesquisadores acadêmicos e populares, trabalhadoras e trabalhadores da saúde em diferentes territórios.
O e-book, organizado por Simone Santos Oliveira e Jorge Mesquita Huet Machado, coordenadores do projeto, se apresenta como uma ferramenta de educação continuada e participativa, em que saberes acadêmicos e populares se amalgamam em processos transdisciplinares. Mais do que registrar, o livro busca sustentar e multiplicar as experiências que vêm sendo construídas nas pontas.
Em 30 de novembro de 2025, durante o Abrascão Brasília 2025, realizamos o pré-lançamento do e-book, compartilhando com a comunidade da Saúde Coletiva um pouco do que vem por aí. O livro, que terá seu lançamento completo em 2026, reúne tanto as contribuições teóricas quanto as experiências que o VigiPop acompanha desde o início do projeto.
A ideia é que ele funcione como suporte e memória viva: um instrumento para fazer circular informações, aprendizados e metodologias, alcançando mais ativistas, comunidades e pesquisadores da vigilância popular em saúde. Assim, os esforços locais ganham novas conexões e um alcance ainda maior, sem perder o enraizamento no território.
O e-book foi organizado em duas grandes partes, conectadas entre si:
Parte I – Conceitos (apoiados na experiência)
Organiza e aprofunda os conceitos e categorias que sustentam a ideia-força da Vigilância Popular em Saúde de Base Territorial. Aqui, a noção de território aparece como eixo transversal: território como espaço de vida, de conflito, de memória e de resistência.
Parte II – Experiências (de olho nos conceitos)
Apresenta uma diversidade de experiências significantes, mostrando como os conceitos ganham corpo em práticas concretas de transformação de realidades nocivas em caminhos para a vida saudável.
Ao todo, são 23 capítulos que articulam:
território
saúde (em seu sentido ampliado)
interseccionalidade
emancipação
cuidado
Os textos formulam princípios e diretrizes para modos de fazer/agir em projetos de vigilância popular de fato emancipatórios — uma construção coletiva que o grupo VigiPop vem pensando, discutindo e experimentando desde o começo do projeto.
Alguns fios fortes que atravessam os capítulos:
A saúde mental é compreendida de forma situada, indissociável do território, da memória viva e das raízes culturais que sustentam os modos de vida comunitários. Esse entendimento orienta lutas contra diversas formas de segregação, e afirma o cuidado como prática de respeito às diferenças e de proteção às pessoas vulnerabilizadas.
A destruição sistemática dos ecossistemas e dos modos de vida dos povos é tratada como ecocídio, conceito que ajuda a compreender os vínculos entre necropolítica, nocividades ambientais e danos à saúde.
O pré-lançamento aconteceu em 30 de novembro, na Tenda Paulo Freire, durante o Abrascão Brasília 2025, no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB).
A interseccionalidade e a noção de corpo-território, vindas do feminismo socialista, são apresentadas não apenas como categorias analíticas, mas como ferramentas práticas para que mulheres e outros sujeitos identifiquem e desvelem as múltiplas camadas de opressão e resistência que atravessam suas vidas.
Partir do território, sempre
Como destaca o prefácio da sanitarista Lia Giraldo da Silva Augusto, o conjunto de textos revela um corpo de autores e autoras entrelaçado por uma convergência ética: não se trata de uma doutrina, mas de um desejo comum de transformar a realidade, caminhando junto com quem vive e luta em seus territórios.
O lançamento do e-book em 2026 marca o percurso do projeto Vigilância Popular em Saúde de Base Territorial sem encerrá-lo. Ao contrário: o livro pretende abrir ainda mais caminhos, servindo de referência para novas formações, novas articulações locais e novas investigações sobre saúde, território e emancipação.
Seguimos semeando.
#CONVITE À LEITURA
O que acontece quando as práticas de vigilância em saúde se encontram com a Educação Popular de Paulo Freire? O artigo A contribuição do pensamento de Paulo Freire para a Vigilância Popular em Saúderevisita as bases emancipadoras do pensamento freireano — a problematização, o agir crítico, o território como espaço de transformação — para mostrar como esses elementos têm orientado experiências de Vigilância Popular em Saúde em comunidades marcadas por violações de direitos.
A leitura revela como saberes locais, organização popular e informação científica se articulam para produzir uma leitura crítica da realidade e fortalecer a defesa da vida. Uma boa porta de entrada para entender por que a Vigilância Popular em Saúde é, antes de tudo, uma prática de emancipação coletiva.
#RADARVIGIPOP
Que tal um giro por outras iniciativas que se relacionam com a vigilância popular em saúde, trabalho e ambiente?
No próximo dia 18 de dezembro, às 10h, serão lançados na Fiocruz Pernambuco três livros voltados à área da saúde pública. São eles “A Experiência do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB): Lições para o Sistema Único de Saúde”; “Abordagens e Práticas sobre o Sobrepeso e a Obesidade no SUS” e “Territórios Saudáveis e Sustentáveis na Região do Semiárido Brasileiro”. As publicações dialogam com diferentes dimensões da saúde coletiva, reunindo análises, experiências e reflexões sobre a Atenção Básica, os territórios do Semiárido brasileiro e o enfrentamento do sobrepeso e da obesidade no SUS. O evento acontece na Sala 01 da Área de Ensino, na sede da instituição, e é aberto ao público.
A ENSP/Fiocruz está com inscrições abertas para o Curso de Especialização em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana, que disponibiliza 23 vagas. A formação tem como objetivo capacitar profissionais para o planejamento, a organização e a avaliação de ações em Saúde do Trabalhador, articulando teoria e prática na reflexão sobre as relações entre saúde, trabalho e ambiente.
O curso terá início em março de 2026, com carga horária total de 420 horas, na modalidade presencial. As inscrições podem ser realizadas até o dia 7 de janeiro de 2026, pela Plataforma SIGALS. Mais informações, aqui.
Créditos das imagens e fotos: Divulgação VigiPop
Esperamos ter semeado inspirações em vigilância popular em saúde de base territorial por aí :) Se puder, escreva pra gente com dúvidas, ideias e sugestões e ajude a espalhar o nosso boletim e formulário para os diálogos do VigiPop chegarem mais longe.
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Obrigada e até a próxima!
Equipe do projeto Vigilância Popular em Saúde de base territorial