Recebi e divulgo a mensagem abaixo que vem de familiares da Profa Lígia Bahia agradecendo "aos apoios recebidos sobre o ataque que ela (e todos nós, que acreditamos na ciência), estamos sofrendo por parte do Conselho Federal de Medicina - CFM."
Colegas e amigos,
Gostaria de iniciar esta mensagem expressando a minha profunda gratidão pelo carinho, pelas mensagens de apoio e pelas cartas de instituições científicas e acadêmicas que têm chegado até nós – e que certamente continuarão a vir. Cada gesto é um alento para minha mãe, Ligia Bahia, e para nossa família. Saber que não estamos sozinhos nessa luta é fundamental para enfrentar a violência covarde que se abate sobre uma pesquisadora que dedicou décadas à defesa do SUS e da saúde como direito universal.
Estamos enfrentando uma situação de extrema violência institucional e moral. Ligia Bahia está sendo processada pelo CFM, não por suas críticas ao conjunto da instituição, mas porque sua fala, ainda que dura, foi cuidadosamente delimitada para apontar que o verdadeiro problema reside na utilização da instituição por membros da extrema direita. Esses grupos têm se apropriado do CFM para defender uma “autonomia médica” cínica, que contraria evidências científicas – uma autonomia que, entre outras distorções, ignora a validade de tratamentos fundamentados em estudos sólidos, e ataca até mesmo direitos essenciais, como o de crianças estupradas, e serve como plataforma para lançar candidaturas políticas extremistas.
Essa apropriação distorce o papel sensível do CFM, cuja missão é zelar pela integridade da classe médica e, sobretudo, pela saúde e bem-estar da população. Criticar a extrema direita que se apropria da instituição para fins ideológicos não é intolerância, mas uma defesa necessária da ética e da ciência. É imperativo denunciar que essa estratégia vai além de uma disputa política simples: trata-se de um mecanismo que sistematicamente silencia e desqualifica vozes críticas – aquelas de colegas que, ao apresentarem evidências sobre a ineficácia de tratamentos como cloroquina e ivermectina, foram atacados, ameaçados e até processados, muitas vezes com respaldo de interesses políticos e econômicos.
Não lutamos apenas por justiça para Ligia Bahia, mas pela proteção de todos os pesquisadores e profissionais de saúde que se dedicam à ciência baseada em evidências. A situação atual abre caminho para que, a cada nova candidatura de figuras extremistas que usam o CFM como plataforma para legitimar discursos prejudiciais, a credibilidade e a capacidade de ação dessa e de outras instituições comprometidas com a saúde pública e a integridade científica sejam minadas. Pergunto: até quando permitiremos que essas ações se perpetuem? Quando será que essas instituições, cuja missão é proteger a saúde e o bem-estar dos cidadãos, se unirão para adotar medidas disciplinares e judiciais contra aqueles que lucram com a desinformação e a pseudociência?
Peço a todos que reflitam e se juntem nessa defesa intransigente da ciência e da ética médica, para que, juntos, possamos construir um ambiente em que o conhecimento e a integridade permaneçam como os guias indispensáveis da medicina e da proteção dos direitos dos cidadãos.
Agradeço, de coração, cada gesto de apoio e espero que, unidos, possamos transformar essa situação e, finalmente, garantir que a ética e a ciência prevaleçam.
Com solidariedade e compromisso,
Lia e Bernardo Bahia Cesário.
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