Deu no Outra Saúde
O texto chama a atenção para a adoção de concepções de desastres, acidentes, etc como fenômenos com história, que não se encerram nos desfechos imediatos dos eventos. Consequências tardias correspondem ao já chamado lado direito da gravata-borboleta e em muitos casos exigem estratégias de busca ativa para efeitos não facilmente reconhecidos a priori.
As estratégias adotadas nesse estudo precisam ser destacadas e ter sua utilização incentivada inclusive considerando efeitos que extrapolam a saúde humana. Impactos ambientais, impactos na vida não humana, no patrimônio histórico cultural, etc precisam ser considerados sistematicamente.
"Brumadinho: após desastre, arsênio e outros metais encontrados em crianças
Estudo realizado pela Fiocruz Minas e pela UFRJ em Brumadinho, após o rompimento da barragem da Vale, revela uma persistente exposição a metais como arsênio, chumbo e mercúrio em crianças e adultos entre 2021 e 2023. A análise identificou aumento no percentual de crianças com arsênio acima dos limites de referência, de 42% para 57%, e revelou que 100% das amostras continham ao menos um dos metais avaliados. Em adultos e adolescentes, 20% e 9% das amostras, respectivamente, apresentaram arsênio acima do limite, com variações regionais significativas. Embora a exposição seja disseminada, os níveis de detecção médios para alguns metais diminuíram.
A saúde mental e física da população segue impactada, com aumento de diagnósticos de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, e agravamento de sintomas respiratórios e psicológicos, como ansiedade e depressão. O estudo aponta para a necessidade de fortalecer os serviços de saúde locais, expandir exames e promover ações integradas entre saúde e educação – especialmente para o desenvolvimento infantil, que apresentou melhorias desde 2021. Após receber os resultados do estudo, famílias do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) pedem acompanhamento de saúde. “Precisamos de um protocolo específico para enfrentar esse cenário. Estamos muito preocupados porque cada vez o nível de contaminação aumenta no sangue das pessoas, nos animais, em todas as plantas”, afirmou Joceli Andrioli, integrante da coordenação do MAB, em entrevista à Folha."
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